Extra Digital

Samba no pé para derrubar preconceitos

Egili Oliveira conta ▶ em filme os obstáculos que enfrentou até reinar no carnaval. “Me achavam ‘preta demais’ para ser rainha”, diz a majestade da bateria da Acadêmicos de Vigário Geral.

▶ O carnaval de 2022, retratado no filme, foi marcado por enredos que abordaram as raízes africanas, os tempos de escravidão e a força espiritual dos cultos afro-brasileiros. O documentário mostra a busca de Egili pelo reconhecimento de sua arte e por seu lugar na sociedade brasileira e no carnaval. Nos 80 minutos de duração, o filme destaca ainda a resistência de Egili à discriminação sofrida no dia a dia e retrata seu engajamento no combate ao racismo, pela igualdade e identidade. As dificuldades encontradas ao logo da carreira fizeram com que Egili tivesse de criar suas próprias oportunidades para se destacar num meio altamente competitivo. Um deles foi a criação de cursos e workshops de samba no pé, que a ajudaram a viajar pelo mundo formando passistas. Sua primeira viagem internacional foi em 2007, para a Suécia. Desde então, perdeu a conta de quantos países já conheceu, ensinando o gingado brasileiro. A mais recente viagem durou 40 dias e incluiu nove cidades dos Estados Unidos e do Canadá. O retorno ao Brasil foi na véspera da exibição do documentário que protagoniza, no Festival do Rio, que terminou no último dia 15.

O filme segue agora um circuito de festivais pelo Brasil e pelo mundo, a começar pelo de Sundance, nos EUA, no começo do ano que vem. Também deverá passar pelo Hot Docs, no Canadá, e Berlinale, na Alemanha, além de já ter recebido convites para ser apresentado no Japão. A cineasta negocia ainda a venda para canais de streaming e não descarta uma exibição na quadra da Acadêmicos de Vigário Geral para a comunidade.

Aos 43 anos, mãe de uma jovem de 26 que seguiu seus passos no samba e avó de um menino de 5, Egili acha que seu momento de virar rainha do carnaval já passou. Coroada na Acadêmicos de Vigário Geral em 2019 para o desfile seguinte, em 2024 ela completa quatro anos de reinado à frente dos ritmistas da bateria Swing Puro. Paralelamente ao carnaval, tenta carreira nas telas. Já fez filme com Lucas Neto, “Um Natal muito atrapalhado”, além de campanhas publicitárias, mas não esperava ser surpreendida com a proposta de virar protagonista de um filme que conta sua própria história. — Ser mulher preta no Brasil é sinônimo de fortaleza — resume Egili numa das cenas do filme.

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2023-11-19T08:00:00.0000000Z

2023-11-19T08:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281706914417557

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