CLIMA QUENTE NO VESTIÁRIO

Além do fraco desempenho técnico e desfalques importantes, Flamengo convive com embate entre os líderes David Luiz e Gabigol

A apatia do Flamengo nas partidas

▶ que antecedem o confronto decisivo contra o Fluminense na quinta-feira, pela Copa do Brasil, tem como pano de fundo uma tensão no elenco que o técnico Jorge Sampaoli precisará administrar. Antes mesmo de sua chegada, o clima no dia a dia do vestiário já era de disputa de poder, de forma velada, entre o experiente David Luiz e o jovem Gabigol, ídolo e camisa 10 da equipe desde o começo do ano.

Após a saída de Diego Ribas no fim de 2022, David Luiz tentou exercer a sua liderança natural, mas parou em Gabigol, que foi alçado a capitão pela diretoria rubro-negra. Diante de um ambiente mais pesado, ainda na gestão de Vítor Pereira, o atacante buscou aparar as arestas, mas o zagueiro não se mostrou aberto a aceitar ser liderado pelo companheiro.

No elenco, David é visto como a principal referência dos jovens, incluindo os jogadores da base. Entre os atletas mais experientes, há incômodo com a situação, mas o respeito pelos dois se mantém. Nenhum deles tenta enquadrar Gabigol.

É o caso, por exemplo, de Filipe Luis, que percebe a falta de unidade no grupo, mas, em fim de contrato, não tem mais a mesma atuação de antes no vestiário. David Luiz, assim, perde cada vez mais liderança. Em geral, não há mais paciência entre os jogadores para ouvir os "sermões" do zagueiro. Tanto nos treinamentos quanto nos jogos, ele costuma ditar o ritmo das ações e cobrar os colegas.

Nomes de maior peso como Arrascaeta, Éverton Ribeiro e Bruno Henrique não tomam partido abertamente, mas são alinhados a Gabigol. Assim como integrantes da diretoria, que lhe dão "cobertura". O desgaste acontece no momento em que se discute a renovação contratual de David Luiz, que perdeu espaço no time e vê Fabrício Bruno e Léo Pereira como titulares absolutos.

O Flamengo acordou uma renovação automática, e a meta foi atingida por David Luiz no jogo contra o Cruzeiro, sábado, mas as partes não entendem ser mandatória a permanência no clube. No momento, a queda de braço é vencida por quem veste a camisa 10 e a faixa de capitão. A reportagem procurou o Flamengo e os jogadores e não recebeu nenhuma posição até o fechamento da edição.