Extra Digital

‘MUITA COISA VAI SER SURPRESA PRA MIM’

Homenageada do Prêmio da Música Brasileira e enredo da Mangueira em 2024, Alcione diz que é difícil chorar, mas aguarda fortes emoções nas celebrações pelos seus 75 anos de vida e 50 de carreira

Naiara Andrade naiara.andrade@extra.inf.br

Das 29 edições do tradicional Prêmio da Música Brasileira (PMB), Alcione arrebatou 21 troféus, concorrendo em variadas categorias. Agora, no trigésimo ano da cerimônia, Marrom não terá páreos: ela sobe amanhã ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro como a grande homenageada da festa que vai celebrar seus 75 anos de vida e 50 de carreira fonográfica.

— Eu nem me lembro da última vez em que chorei, sou dura na queda. Mas tenho certeza de que não vai faltar emoção e boa música. Muita coisa vai ser surpresa pra mim — afirma a querida maranhense, que também será enredo da Estação Primeira de Mangueira em 2024: — Eu não esperava por isso tudo. Acho que tem tanta gente pra ser homenageada, e me passaram na frente... Mas, quando fui ver, já são 50 anos! Então, estou pronta para receber.

Apresentada pelo influenciador digital Felipe Neto, pelo ator, escritor e diretor Lázaro Ramos e pela cantora Lilian Valeska, a festa será transmitida, ao vivo, por um telão na Cinelândia e pelos canais no YouTube de Felipe Neto e do PMB, a partir das 19h30 (com tapete vermelho e bastidores; às 21h, começa a cerimônia). O 30º Prêmio da Música Brasileira terá encontros inéditos, baseados no repertório da homenageada, de veteranos e revelações da cena musical brasileira. Péricles e Ferrugem, por exemplo, estarão num pot-pourri de “Meu vício é você”, “Estranha loucura” e “Um ser de luz”. E o DJ Pedro Sampaio vai performar ao lado de Alcione no sucesso “Não deixe o samba morrer”.

— Fiquei surpreso com o convite. Nem parece que é real estar no meio de tantas lendas da música... — comentou Sampaio durante o ensaio com Marrom, que ficou admirada com a sonoridade eletrônica que o DJ imprimiu ao seu clássico.

EM BUSCA DO INUSITADO

Fundador e diretor da premiação, José Maurício Machline conta que, enquanto idealizava esta edição, ficou imaginando maneiras inusitadas de apresentar uma obra já tão cantada e regravada.

— Eu palpito em tudo: cenicamente, nos arranjos... Procurei buscar caminhos que mostrassem a grandiosidade de Alcione — explica ele, chamado de “marido”, de maneira carinhosa, pela amiga sambista.

Entre os dez mil inscritos para concorrer aos troféus em 31 categorias, há indicações póstumas, como Elza Soares, Erasmo Carlos (ambos concorrem em Intérprete e Lançamento no segmento Pop/Rock) e Marília Mendonça (Intérprete e Lançamento, em Canção Popular).

Além disso, a recente perda de Rita Lee será lembrada na noite especialíssima.

— Vou cantar “Pagu” em homenagem a essa pequena. Ela sempre foi muito carinhosa comigo. Assim como Rita cantava (em “Saúde”), minha intenção é fazer um monte de gente feliz quando subo ao palco, enquanto estiver viva e cheia de graça — cita Alcione, que evita usar o termo “morte”, diante de tantas perdas importantes para a música brasileira nos últimos anos: — São pessoas que vão viver para sempre no nosso imaginário. Ainda bem que temos todas elas na nossa arte!

DOAÇÃO DE FIGURINOS

A maranhense afirma que vem recebendo com tranquilidade o avançar do tempo. Perdeu peso, cortando gordura e açúcar da dieta, porque se sente melhor mais leve. A vaidade de manter unhas, maquiagem e cabelos impecáveis continua firme. Mas, plásticas, nem pensar, Alcione garante:

— Minha dermatologista só me aplicou botox na testa, e faço uns procedimentos a laser na pele. Tenho medo de cirurgia, não gosto dessas coisas. Uma hora a gente envelhece mesmo... Então, que seja ao natural.

No guarda-roupa, há mais de 400 peças, exclusivas, que a cantora não deixa paradas.

— Gosto de me ver bonita, bem vestida. E nada de deixar tudo guardado, envelhecendo! Eu doo muitas. Para minhas irmãs, para as amigas e para transformistas que fazem trabalhos sobre mim na noite — revela a veterana, que também tem feito doações de cestas básicas e cobertores a moradores de rua e instituições cadastradas: — Realizo esse trabalho há décadas, sempre que chega essa época do ano, mais fria. Mas não gosto de ficar divulgando. Minha turma sabe onde ajudar.

MAIS CASEIRA

Com uma agenda que comporta uma média de seis a oito shows por mês, a artista tem evitado viajar para lugares distantes, que lhe exijam muitos dias longe de casa.

— Eu estou mais quieta. Minha colega, já passei dos 70, quero mais é curtir o meu canto e a minha família. Adoro ficar conversando com a minha irmã, vendo televisão... Acompanho as novelas “Reis” e “Jesus”, adoro histórias bíblicas, principalmente — conta Alcione, que, espiritualista, diz que o maior “sufoco” (título de um de seus hits) pelo qual já passou foi ter perdido a voz: — Graças a Deus e a Dr. Fritz, a recuperei (na época, há cerca de 30 anos, ela passou por uma cirurgia espiritual). Hoje em dia, eu cuido dela só molhando a garganta com soro fisiológico. Com o passar dos anos, eu percebi que a minha voz só melhorou.

E quem duvida?

SESSÃO EXTRA

pt-br

2023-05-30T07:00:00.0000000Z

2023-05-30T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281938842295035

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.