Extra Digital

EM BUSCA DE CAMINHOS PARA A SEGURANÇA

Evento Diálogos RJ, promovido pelo Globo, debateu a percepção da população sobre a criminalidade e o uso da tecnologia no combate aos delitos

Carmélio Dias carmelio.dias@oglobo.com.br

Há anos a segurança aparece nas pesquisas de opinião como um dos principais problemas do Rio. Embora números recentes divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) apontem para uma redução gradual e contínua dos principais índices da violência no estado, questões como conflitos entre facções de tráfico e grupos da milícia criam uma sensação de insegurança na população. Para debater o tema e falar sobre como a tecnologia pode ser uma aliada no combate ao crime e no aumento da sensação de transparência e segurança, O Globo reuniu, ontem, seis especialistas no assunto como parte da iniciativa Diálogos RJ.

Na abertura da primeira mesa de debates, que teve como tema “Além dos índices: os números e a percepção da população”, Marcela Ortiz, presidente do ISP, trouxe números sobre a queda histórica nos homicídios no estado:

— Em 2019, nós tivemos 4.004 homicídios dolosos no estado, dava uma média de mais de 300 por mês, no ano anterior chegamos a ter quase 5.000 homicídios. Em 2022, nós fechamos com registro histórico de 3.059 homicídios dolosos. E isso não foi só com o homicídio doloso, foi com os principais crimes que são monitorados pelo Instituto de Segurança Pública — diz ela.

A presidente do ISP acredita que o impacto relativamente baixo desses números na percepção da população sobre os níveis de violência acontece, entre outros motivos, pela impossibilidade de se personificar os casos que deixam de acontecer.

— A notícia, nessa era digital, proporciona um fluxo de informações muito mais intenso e rápido, porque a gente fica sabendo da informação praticamente de maneira imediata e intensa. A gente sabe de forma detalhada quem era vítima. Isso acaba influenciando muito mais a sensação, que tem a ver com os sentimentos e emoções mais do que o dado objetivo que não é personificado. A imprensa noticiou diversas vezes que o Rio bateu o recorde na redução do número dos homicídios. Mas quem são essas quase mil pessoas a menos que deixaram de morrer?

A gente não tem como personificar esse dado.

Na semana passada, o ISP divulgou números que demonstram uma tendência de melhora nos principais indicadores da segurança pública também em 2023. Os casos de roubo de rua recuaram 15% chegando ao menor patamar desde 2005 nos primeiros quatro meses do ano. O número de armas apreendidas subiu 13%.

— Os números do ISP são incontestáveis. Realmente, hoje, o Rio é mais seguro do que há cinco anos. Não podemos dizer que é um local seguro, mas nós estamos muito melhor do que no passado — diz Renato Almeida, coordenador-geral do Disque Denúncia.

Para Fernanda Prates, professora da FGV e doutora em Criminologia, o pacote tecnológico do governo do estado — que inclui ainda drones, câmeras corporais já em uso pelos policiais e aparelhos de laser scanner 3D, entre outros — é positivo, mas precisa vir acompanhado de treinamento e uma reflexão sobre o uso de dados coletados:

— Em paralelo a essa introdução das novas tecnologias, a gente precisa ter uma capacitação do pessoal. Não adianta treinar o robô, a gente precisa treinar o homem que vai treinar o robô. Além disso, é importante entender que as ferramentas tecnológicas caminham por conta de uma base de dados. É necessário ter um banco de dados que seja alimentado constantemente e que não esteja desatualizado.

POLÍCIA

pt-br

2023-05-30T07:00:00.0000000Z

2023-05-30T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281728388897531

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.