Extra Digital

Sequestradores pedem Pix para libertar vítimas

Moradores de Vargem Pequena relatam casos e denunciam quadrilha

▶ “Vocês me ajudem aí, pelo amor de Deus”, implora um empresário em um vídeo gravado com seu próprio celular e enviado para parentes e amigos. Enquanto ele fala, uma pistola é apontada para sua cabeça. E completa: “Estou sequestrado, machucado já. Veja se tem a possibilidade de colocar um dinheiro na conta. Quem puder ir me ajudando, manda o comprovante no WhatsApp. Pelo amor de Deus, me ajudem aí”. O caso faz parte de uma investigação da Polícia Civil sobre uma quadrilha que vem atuando em Vargem Pequena, na Zona Oeste carioca. Como mostrou ontem o “Bom Dia Rio”, da Rede Globo, o bando se especializou nessa modalidade de crime, na qual as vítimas se veem obrigadas a pedir ou fazer transferências via Pix para serem soltas.

No caso do empresário, a maioria das pessoas que recebeu a gravação achou que era um golpe e não fez a transferência. Ele, então, começou a se desesperar: “É coisa séria, não estou de brincadeira. Depois eu devolvo esse dinheiro para vocês”.

Em entrevista ao “Bom Dia Rio”, Elisabete da Costa Maia contou que passou pelo mesmo drama. Ela estava chegando ao trabalho, também em Vargem Pequena, quando foi abordada por homens armados.

— Pensei que queriam o carro, mas não. Eles me empurraram para dentro — disse Elisabete, acrescentando que, na verdade, os bandidos estavam interessados em seu celular e na senha de um aplicativo de banco: — Pegaram o dinheiro que eu tinha na poupança, meu limite do cheque especial, empréstimo... Foram jogando tudo na minha conta; depois, começaram a usar o Pix.

Vídeos de câmeras de segurança mostram como é a ação dos criminosos. Na maioria das vezes, os bandidos rendem as vítimas quando elas estão entrando ou saindo de veículos. No entanto, em um dos casos, ocorrido no mês passado, os sequestradores abordaram um carro em movimento, fechando sua passagem, e fizeram o motorista refém.

A jornalista Grace Marinho, que mora em Vargem Pequena há mais de 20 anos, disse que, por conta dos sequestrosrelâmpago, a rotina do bairro mudou completamente.

— Muita gente nem trancava a casa, deixava carro na rua. Hoje, a situação mudou bastante. A gente fica monitorando filho, vizinho, amigo; vendo a hora que sai e a hora que chega, vai avisando — disse Grace.

Dono de um bar, Sérgio Maia Costa contou que tomou conhecimento de cinco casos de sequestros-relâmpago na sua vizinhança e

CLIMA TENSO Crimes mudaram a rotina do bairro; polícia afirma que já há investigação

afirmou que o crime afetou seu negócio:

— Antes, as pessoas ficavam aqui até tarde. Agora, não. Quando é 21h30, 22h, no máximo, vai todo mundo embora para casa. Até eu fico preocupado.

A PM alegou ao “Bom Dia Rio” que vem fazendo patrulhamento na área. Já a Polícia Civil informou que a 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) está apurando os casos e pediu que todas as vítimas façam registros na delegacia.

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2023-05-30T07:00:00.0000000Z

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