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Condenação expõe o isolamento de Crivella

Luísa Marzullo luisa.castro@oglobo.com.br

▶ O processo que culminou na ordem de cassação do mandado do deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) expôs o isolamento do político dentro do seu partido. Até ontem, as principais lideranças da sigla evitaram manifestações em favor do correligionário, e apenas dois colegas de bancada do ex-prefeito do Rio republicaram o comunicado oficial por meio do qual a legenda critica a sentença da juíza eleitoral Márcia Capanema.

O silêncio dos seus correligionários contrasta com a importância dos cargos que Crivella já ocupou. Além de deputado, ele foi prefeito do Rio, senador e ministro da Pesca e Aquicultura na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT).

Capanema determinou ainda o pagamento de multa de R$ 433 mil e a inelegibilidade do deputado por oito anos. Ele, contudo, pode recorrer da decisão para não perder o atual mandato. O político foi julgado no processo aberto para apurar um esquema apelidado de “Guardiões do Crivella”, de 2020, quando era prefeito. Na ocasião, servidores do município foram escalados para ficar nas portas dos hospitais e postos de saúde com o objetivo de impedir a produção de reportagens críticas ao sistema de saúde carioca. Eles atrapalhavam o trabalho de repórteres e tentavam convencer pacientes a não conceder entrevistas.

A nota em que o Republicanos cita que cabe recurso à condenação chegou a ser compartilhada, sem comentários, por dois dos 40 deputados federais da legenda, Gustinho Ribeiro (SE) e Milton Vieira (SP). Os três representantes do partido no Senado e a bancada da sigla na Alerj não haviam prestado solidariedade ao ex-prefeito por meio das rede sociais até o fechamento desta edição.

RESISTÊNCIA INTERNA

O isolamento de Crivella foi intensificado nas eleições do ano passado, quando se colocou à disposição para concorrer a um novo mandato no Senado, mas enfrentou resistência interna no Republicanos e teve que concorrer à Câmara. Na época, uma ala do partido julgou que a candidatura a deputado seria um voo mais tranquilo e evitaria indisposição com o PL do senador Romário e do governador Cláudio Castro, que abriga no Palácio Guanabara integrantes do Republicanos em seu primeiro escalão.

Em abril deste ano, Crivella foi novamente preterido quando o diretório estadual do Republicanos foi entregue nas mãos do prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho, recém-filiado ao partido.

CIDADE

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2023-05-30T07:00:00.0000000Z

2023-05-30T07:00:00.0000000Z

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