Extra Digital

Lula adequa discurso em evento com empresários

Na Fiesp, ex-presidente defende responsabilidade fiscal e promete reformas

Sérgio Roxo e Manoel Ventura politica@oglobo.com.br

▶ Em debate na manhã de ontem com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o ex-presidente Lula (PT) disse que pretende fazer uma reforma administrativa, caso seja eleito, para corrigir distorções nas remunerações de servidores, e pediu apoio para aprovar uma reforma tributária que melhore a progressividade da cobrança de impostos — taxação maior conforme a renda. Ele defendeu ainda a tributação de patrimônio. Em outra frente, o petista tem enviado emissários para tentar acalmar o mercado e adiantar linhas gerais de qual política pretende adotar na gestão da Petrobras em um eventual novo governo.

Embora tenha feito, na Fiesp, um discurso de responsabilidade fiscal, Lula tem defendido o fim do teto de gastos implementado no governo Temer. Pela regra, o crescimento das despesas está limitado à correção da inflação. O ex-presidente ainda não protocolou um plano de governo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas divulgou, no final de junho, diretrizes de seu programa. No documento, ele se comprometeu, entre outras coisas, a revogar “marcos regressivos” da reforma trabalhista aprovada também pelo presidente Michel Temer. Foi retirado do texto referência explícita à revogação dessa legislação como um todo.

No debate ontem, Lula foi aplaudido em alguns momentos pela plateia, formada por conselheiros e diretores da Fiesp. No primeiro deles, quando disse que o agronegócio utiliza tecnologia para produzir soja, por exemplo. De acordo com aliados, o ex-presidente resistiu inicialmente a ir à Fiesp e só aceitou o convite por causa da relação com o presidente da entidade, Josué Alencar, filho do seu ex-vice José Alencar, morto em 2011.

Como já havia feito em conversas privadas com empresários, o petista exaltou o papel que Geraldo Alckmin (PSB), vice em sua chapa, desempenhará em seu eventual governo. E disse ter “orgulho de ter sido o único presidente do G-20 que cumpriu o superávit primário durante todo o período que governou”.

— Ter responsabilidade fiscal é quase que uma profissão de fé de um cidadão que governa algo que não é seu, algo que é público — disse.

O candidato do PT afirmou que “credibilidade, previsibilidade e estabilidade” são as três palavras chaves para qualquer governo. Dentro dessa premissa, assegurou que não haverá “política de surpresa” caso seja eleito.

IMPRECISÕES

Assim como o presidente Jair Bolsonaro fez afirmações incorretas ao ser entrevistado em um podcast esta semana, Lula também entrou na berlinda por já ter usado de sua narrativa para contar fatos que, na verdade, não eram bem assim. Ao ser entrevistado pelo Podpah em dezembro passado, o petista afirmou ter sido o único presidente da história do país sem um diploma universitário, esquecendo- se de João Café Filho (1954 e 1955). Lula disse que, em seu governo, o Brasil era a sexta maior economia do mundo, mas, na verdade, era a sétima. Só no governo Dilma foi a sexta. ▴ ▾

EXTRA

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2022-08-10T07:00:00.0000000Z

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