Extra Digital

Insegurança alimentar atinge 61,3 milhões de brasileiros

Carolina Nalin carolina.nalin@infoglobo.com.br

A fome aumentou em meio às crises sanitária e econômica. É o que aponta o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2022”, divulgado ontem por cinco agências da ONU. Só no Brasil, 61,3 milhões convivem com algum tipo de insegurança alimentar, que é quando a pessoa não tem acesso a alimentos de forma a satisfazer suas necessidades ou não tem certeza quando fará a próxima refeição. Desse total, 15,4 milhões estiveram sob insegurança alimentar grave, ou seja, passaram fome, entre 2019 e 2021, um aumento de 3,9 milhões ante o contingente observado entre 2014 e 2016.

O relatório é feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). No mundo, o número de pessoas atingidas pela fome subiu para 828 milhões em 2021, um aumento de cerca 150 milhões desde o início da pandemia.

De acordo com a pesquisa, a prevalência de insegurança alimentar (IA) moderada ou grave no Brasil em relação à população total subiu de 37,5 milhões de pessoas (18,3%) entre 2014 e 2016, para 61,3 milhões de pessoas (28,9%) entre 2019 e 2021. Somente a IA grave aumentou de 1,9% para 7,3% nesses períodos.

O quadro também é sombrio a nível global. Depois de permanecer relativamente inalterada desde 2015, a proporção de pessoas afetadas pela fome saltou em 2020 e continuou a subir em 2021, chegando a 9,8% da população mundial. Isso se compara com 8% em 2019 e 9,3% em 2020. Cerca de 2,3 bilhões de pessoas no mundo (29,3%) enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa em 2021 — 350 milhões a mais do que antes da pandemia. Aproximadamente 924 milhões (11,7% da população global) enfrentaram a insegurança alimentar em níveis severos, aumento de 207 milhões em dois anos.

LONGE DAS METAS

Em junho, um levantamento feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricion apontou que a fome atingiu 33,1 milhões de pessoas no país, retrocesso de 30 anos. Apesar de as pesquisas se darem sob diferentes metodologias, ambas apontam a mesma tendência: os países estão se afastando de suas metas de acabar com a fome, insegurança alimentar e má nutrição em todas as suas formas até 2030.

A pesquisa também identificou os efeitos do aumento nos preços dos alimentos ao consumidor decorrentes dos impactos econômicos da pandemia e das medidas para contê-la. Segundo o relatório, quase 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram pagar por uma alimentação saudável em 2020, alta de 112 milhões em relação a 2019.

TRISTE CENÁRIO Cerca de 15,4 milhões passam fome no país. Pandemia e inflação agravam quadro

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2022-07-07T07:00:00.0000000Z

2022-07-07T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281590949270108

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