Extra Digital

Cidades perdem dinheiro por causa da pouca reciclagem

Estudo da Firjan mostra que o desperdício de recursos chega a R$ 310 milhões

Isabela Aleixo isabela.aleixo@extra.inf.brl

▶ O destino equivocado de resíduos sólidos na Baixada Fluminense faz com que a região perca cerca de R$ 310 milhões por ano em materiais que poderiam seguir para reciclagem e gerar recursos. É o que revela o estudo “Mapeamento dos fluxos de recicláveis pós-consumo no Estado do Rio de Janeiro”, feito pela Firjan com base em dados públicos de órgãos ambientais. Hoje é o Dia Internacional da Reciclagem.

O levantamento, dividido em duas partes, analisou o potencial das cidades para reaproveitamento e destinação correta de resíduos sólidos para reciclagem e fez recomendações. Entre os municípios de Duque de Caxias, Belford Roxo, Guapimirim, Magé e São João de Meriti, apenas Caxias declarou ter coleta seletiva porta a porta. Segundo o estudo, de acordo com dados do ICM Ecológico, em 2020 foram coletadas 543 toneladas porta a porta. Já no SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), o município reportou o recolhimento de 923 toneladas, das quais 542 foram efetivamente recuperados. Segundo o relatório, a quantidade de resíduos coletados seletivamente e a quantidade de materiais recuperados nesses sistemas é muito baixa, representando 0,05% do volume total de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerados na região.

A cidade, porém, se destaca como um importante centro de beneficiamento de recicláveis no estado e com potencial a ser explorado. E esses cinco municípios concentram sozinhos 76 atores

O pouco que é feito se deve a catadores, diz presidente de associação de Caxias

que recebem resíduos não-perigosos, entre cooperativas de catadores de recicláveis, intermediários, gerenciadores de resíduos e indústrias recicladoras.

Para o presidente da associação de catadores de recicláveis de Jardim Gramacho, Tião Santos, o potencial de Duque de Caxias para a reciclagem está ligado à atuação de seus catadores.

— A gestão de resíduos no Brasil é arcaica, desumana e fora de moda. O resíduo no Brasil apenas gera despesa, e não receita. A gente precisa mudar essa visão que a gente tem não só do resíduo como lixo, mas também em relação aos catadores. Essa pouca reciclagem só acontece por causa deles — afirma ele, que além de liderança da associação, é protagonista do documentário “Lixo Extraordinário”.

Mas ele pontua que as políticas públicas sobre o tema ainda são incipientes e a coletiva seletiva quase inexistente:

— Acho que também falta um olhar mais humano para os catadores. A reciclagem no Brasil nasce da pobreza, e não da consciência ambiental. Caxias abrigou durante muitos anos o lixão de Gramacho. Esse resultado de destaque não é por política pública, é por causa desses catadores — diz ele, que reafirma

RECOMENDAÇÃO

Órgão afirma que a formalização das cooperativas geraria emprego e renda

que o que acaba levando muitas pessoas a viverem da coleta de recicláveis é a situação grave de pobreza e vulnerabilidade.

Segundo Tião Santos, é preciso investimento em coleta seletiva e desenvolvimento de políticas públicas que envolvam a contratação de catadores de recicláveis nesse serviço. O estudo da Firjan recomenda também a identificação, formalização e cadastro das cooperativas da região, e destaca que a formalização e o desenvolvimento da reciclagem favorecem emprego, renda e arrecadação. São 445 mil toneladas de resíduos desperdiçados que poderiam ser reciclados, uma perda de aproximadamente R$ 195 milhões nesses cinco municípios.

MAIS BAIXADA

pt-br

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281857237140045

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.