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Infecção duas vezes por ano será normal

Para especialistas, casos de Covid continuarão devido às mutações da Ômicron

▶ Um vírus que não mostra sinais de desaparecimento, variantes que conseguem “driblar” as defesas imunológicas e ondas de infecções duas ou três vezes por ano — esse pode ser o futuro da Covid-19, na análise de alguns cientistas, conforme reportagem publicada no jornal The New York Times.

Muitos que se contaminaram com a primeira variante Ômicron já estão relatam segundas infecções com as versões mais recentes da cepa. De acordo com especialistas, essas pessoas podem ter uma terceira ou quarta infecção ainda neste ano. E alguma pequena fração pode ter sintomas que persistem por meses ou anos, uma condição conhecida como Covid longa.

— Parece provável que esse seja um padrão de longo prazo — disse Juliet Pulliam, epidemiologista da Universidade Stellenbosch, na África do Sul. — O vírus vai continuar evoluindo e, provavelmente, haverá muitas pessoas sendo contaminadas diversas vezes ao longo de suas vidas.

EVOLUÇÃO DA VARIANTE

É difícil quantificar com que frequência as pessoas são reinfectadas, em parte porque muitas infecções agora não são relatadas, pois são casos mais leves devido à vacinação. Mas Pulliam e seus colegas coletaram dados suficientes na África do Sul para dizer que a taxa é maior com a Ômicron do que com variantes anteriores.

No início da pandemia, os especialistas pensavam que a imunidade adquirida com a vacinação ou com uma infecção anterior impediria a maioria das reinfecções. Mas a variante Ômicron acabou com essas esperanças. Ao contrário das variantes anteriores, a Ômicron e suas muitas sublinhagens parecem ter evoluído para escapar parcialmente das defesas do corpo. Isso deixa todos — mesmo aqueles que foram vacinados várias vezes — vulneráveis a múltiplas infecções.

— Se continuarmos lidando com a Covid-19 como fazemos agora, a maioria das pessoas será infectada pelo menos duas vezes por ano. Eu ficaria muito surpreso se fosse diferente — disse Kristian Andersen, virologista do Instituto de Pesquisa Scrips, em San Diego, nos Estados Unidos.

As novas variantes não alteraram a utilidade fundamental das vacinas contra Covid. A maioria das pessoas que recebeu três ou mesmo apenas duas doses não ficará doente o suficiente para precisar de cuidados médicos ao ser contaminada pelo coronavírus. E uma dose de reforço, assim como uma infecção anterior, parece diminuir a chance de reinfecção — mas não muito.

O PAÍS

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281749862957645

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