Extra Digital

BOXE, DA NOBREZA AO ESPETÁCULO

Com Trump, aplicativos, youtubers e ex-lutadores, esporte se transforma recheado de muito dinheiro e polêmica

Vitor Seta vitor.seta@oglobo.com.br

No último dia 11, data que marcava os 20 anos do atentado terrorista que derrubou as torres gêmeas em Nova York, o empresário e ex-presidente norte-americano Donald Trump teve um compromisso diferente do usual: estava ao vivo comentando lutas de boxe ao lado do filho Donald Jr. O evento tinha como lutas principais os duelos entre Anderson Silva e Tito Ortiz e Vitor Belfort e Evander Holyfield.

— Estão dizendo que tem muita gente assistindo. Não imagino por que — ironizou Trump, sorrindo, entre uma luta e outra.

A noite foi uma das mais longas e destacadas aparições públicas desde que ele deixou a Casa Branca. Um evento raro desde que foi banido de várias redes sociais.

As participações de Trump e do filho foram financiadas pelo organizador do evento: a Triller, um aplicativo e rede social de compartilhamento de vídeos que entrou de cabeça no negócio do boxe. Um cenário facilitado pelo “Ali Act”, lei de 2000 que descentralizou as promotoras de lutas das entidades sancionadoras de cinturões, incentivando a concorrência entre as primeiras.

Investindo altas cifras, a empresa chamou a atenção do público ao promover duelos como o dos lendários veteranos Mike Tyson e Roy Jones Jr. em novembro do ano passado. Naquele mesmo evento, que teve shows de Snoop Dogg e Wiz Khalifa, a segunda principal luta da noite foi entre o youtuber Jake Paul — que mergulhou, junto com o irmão Logan, no mundo da modalidade — contra o jogador de basquete e ex-NBA Nate Robinson. O evento foi um sucesso de vendas de payper-view, com cerca de 1,2 milhão de aquisições. Os combates também encheram os bolsos dos envolvidos: Mike Tyson recebeu cerca de 10 milhões de dólares e Roy Jones Jr., um terço desse valor.

O sucesso abriu caminho para que a Triller investisse ainda mais pesado em confrontos de peso midiático semelhante. Os principais alvos têm sido ex-lutadores do MMA, como os casos de Anderson Silva e Belfort.

— É algo que sempre existiu, no MMA e no boxe, mas nunca nessa proporção. Pela primeira vez estamos vendo esses veteranos, essa galera de fora da luta competindo por cifras muito maiores do que a grande maioria ganha, por exemplo, no UFC — diz Lucas Lutkus, empresário de atletas do mercado de lutas da All In Sports Management.

JOGO EXTRA

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2021-09-20T07:00:00.0000000Z

2021-09-20T07:00:00.0000000Z

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