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Impactos imediatos da pandemia na educação

Os profundos abalos causados pela pandemia na educação precisam de ações de curtíssimo prazo, além de medidas estruturantes, avaliam Olavo Nogueira Filho, diretorexecutivo do Todos Pela Educação, e Patricia Mota Guedes, gerente de pesquisa e desenvolvimento do Itaú Social. Eles participaram do debate “Compartilhando lições: o que sabemos sobre o impacto da pandemia na educação” e fizeram comparações com outras pandemias e tragédias.

— É preciso evitar uma catástrofe ainda maior que esta que vem se desenhando, de evasão escolar. Por isso, ações de acolhimento e busca ativa são fundamentais. É preciso expandir a jornada escolar diária com qualidade — explicou Nogueira Filho.

No encontro, Patricia Mota Guedes apresentou um mapeamento de impactos que aumentaram com o passar do tempo, como a dificuldade de manter uma rotina escolar e os conflitos entre as famílias:

— Quando a gente fala em ensino remoto, pensa em plataformas educacionais e aulas ao vivo. Mas, no Brasil, o que predominou foram aulas por WhatsApp e apostilas impressas. Isso significa mais esforço do professor, que precisou tirar dúvidas via áudio com todos os desafios de conectividade enfrentados pelas famílias mais vulneráveis.

Na avaliação da especialista, o país tem poucas políticas para os anos finais do ensino fundamental, o que é um problema. Além disso, ela também aponta que é preciso garantir dedicação exclusiva de professores às suas escolas.

— A gente lida com um volume muito grande de trabalho docente. Isso significa que há dificuldade de garantir que os professores tenham dedicação integral, o que beneficiaria um trabalho mais colaborativo.

Já o diretor-executivo do Todos Pela Educação apresentou um quadro de pesquisas a respeito do impacto na educação após a epidemia de ebola na África, entre 2013 e 2016, e o furacão Katrina, em 2005, nos EUA. No primeiro evento, as escolas foram fechadas de cinco a oito meses e, no segundo, foram quatro meses de interrupção.

— O que se observou é que houve impacto no acesso à escola, no ingresso na universidade e um período de dois anos para a recuperação dos patamares de aprendizagem de antes do fechamento das escolas — explicou.

Segundo ele, a boa notícia é que as pesquisas mostram que mesmo eventos como estes podem ser revertidos com o tempo, tanto do ponto de vista da aprendizagem, quanto das complicações de saúde mental. No entanto, há um desafio com os alunos em fim de ciclo.

— Eles vão ter menos tempo para a escola recuperar o tempo perdido. Por isso, é fundamental que haja uma ação muito vigorosa e intencional, diferente do que se fazia antes da pandemia, para que façamos frente aos impactos que surgiram. Essa atenção precisa ser dada o quanto antes — concluiu Nogueira Filho.

EXTRA

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2021-09-20T07:00:00.0000000Z

2021-09-20T07:00:00.0000000Z

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