Extra Digital

É preciso cuidar da saúde mental

Pesquisadores analisam os efeitos do distanciamento social sobre jovens brasileiros

Quase dois anos de distanciamento e isolamento social, por causa da crise sanitária, resultaram em mais ansiedade e outros transtornos para crianças e jovens brasileiros. Pesquisadores e médicos que participaram da mesa “Juventude confinada: os impactos socioemocionais” analisaram até que ponto as questões de saúde mental dessa parte da população foram negligenciadas e o que pode ser feito a partir de agora.

— A pandemia tem dois fatores graves de estresse: a própria ameaça à vida causada pelo vírus e as limitações e restrições relacionadas à prevenção — explicou Guilherme Polanczyk, psiquiatra de crianças e adolescentes e professor da Faculdade de Medicina da USP.

Participaram ainda do debate Jairo Bouer, psiquiatra e comunicador, Marcus Barão, presidente do Conselho Nacional da Juventude e coordenador do Atlas das Juventudes, e Laís Duanne de Farias Melo, pesquisadora da Rede de Conhecimento Social e mobilizadora no Movimento Educação Livre — Sesi/Unesco.

— A questão emocional foi negligenciada. Disseram: “Vocês vão ficar sem escola, vão interromper a faculdade, mas superem, lidem com isso” — disse Laís, aluna da rede estadual de Pernambuco e pesquisadora do Atlas das Juventudes.

O estudo, segundo Marcus Barão, ouviu 100 mil jovens e apontou que 60% relatavam ansiedade,

‘Esta é uma já geração que pressão nas sofre redes sociais’

50% sentiam exaustão ou cansaço e 40% tinham distúrbios do sono:

— É cruel colocar nas costas dos professores a responsabilidade de oferecer apoio psicossocial, mas eles podem estar mais preparados para notar sinais e para o acolhimento. Para Bouer, a velocidade das mudanças também pesou. De uma hora para outra, os estudantes precisaram aprender a estudar à distância. Além disso, esta já é uma geração muito pressionada:

— As redes sociais são uma das principais razões para o sofrimento desses jovens. Os algoritmos, a exposição, o cyberbullying...

A escola tem que trabalhar com a prevenção, diz ele.

— Você machuca o dedo e em 15 minutos está no ortopedista, mas, se há uma questão de saúde mental, às vezes o jovem passa anos e ninguém fala sobre as suas dificuldades. Polanczyk aponta a telemedicina como uma ferramenta para estudantes de escolas públicas terem acesso a tratamentos adequados:

— Esse é um dos grandes avanços na medicina proporcionados pela pandemia.

EXTRA

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2021-09-20T07:00:00.0000000Z

2021-09-20T07:00:00.0000000Z

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