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Em defesa da solidariedade e da empatia

Quais devem ser os principais objetivos de uma escola? Mais do que levar os estudantes a terem sucesso na vida acadêmica e profissional, na visão do professor da Escola de Educação de Harvard, Richard Weissbourd, as instituições de ensino devem centrar esforços em fazer com que seus alunos sejam pessoas empáticas, preocupadas com o outro e dispostas a lutar por justiça social.

No painel “Uma questão de justiça: criar e educar crianças e jovens que se preocupam com os outros e com o bem comum”, ele defendeu que a comunidade escolar foque na promoção da cidadania e que crianças sejam ensinadas a valorizar as diferenças e a desenvolver habilidades socioemocionais,

como solidariedade e preocupação com o outro.

— Não há nada mais importante na hora de criar crianças do que a justiça e o bem comum. O que será do mundo se não fizermos um trabalho melhor para criar nossos filhos? — questionou Weissbourd. — Parte desse trabalho ocorre desenvolvendo o caráter das crianças, ensinando-as a cuidar do outro.

Segundo o educador, uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que, quando questionadas se seus pais se importam mais com boas notas ou com que elas sejam pessoas preocupadas com a comunidade, crianças foram duas a três vezes mais propensas a responder que os responsáveis priorizavam o desempenho escolar. De acordo com ele, esse é um indicativo de que a questão precisa ser trabalhada com afinco:

— Não podemos falar de desempenho de caráter sem falar de honestidade, fraternidade, cuidado com os outros, bem comum, justiça. Precisamos trazer crianças para pensar sobre essas questões. Weissbourd é um dos diretores do projeto “Making Caring Common”, criado em 2013, que tem como objetivo desenvolver uma visão empática nas crianças, atuando junto às escolas e realizando pesquisas e debates sobre o tema. Uma das ações foi a criação de um programa gratuito para as instituições de ensino lidarem com os efeitos da pandemia de Covid-19, reduzindo os prejuízos do distanciamento social nas crianças. A iniciativa pretendia melhorar a comunicação entre escola e família e evitar a desconexão dos alunos com o contexto social.

PESQUISA NOS EUA

Responsáveis priorizam desempenho escolar e não, preocupação com justiça social

O educador afirmou que é fundamental investir em uma boa relação entre adultos e crianças e que é importante que os pais tenham uma postura colaborativa, participando do desenvolvimento dos filhos. Ele reforçou ainda a importância de disciplinas como História, que fazem com que os estudantes aprendam sobre eventos que criaram desigualdades no mundo. Isso é fundamental, por exemplo, para combater o racismo estrutural.

— A questão é expandir o círculo de preocupação dessas crianças para que tenham afeto, cuidado e valorizem pessoas diferentes de si, independentemente de classe, gênero, orientação sexual, cor. Estamos fracassando em ensinar princípios básicos.

EXTRA

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2021-09-20T07:00:00.0000000Z

2021-09-20T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281805697067545

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