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Avanços e desafios do novo ensino médio

O novo ensino médio abre caminhos para mudanças positivas, mas sua implementação deve ser feita de modo que não existam brechas para retrocessos. Essa foi a principal avaliação dos participantes do debate “Novo ensino médio: Perspectivas e desafios”.

— Evidente que há riscos de precarização, sobretudo diante do nosso histórico de desigualdades. No entanto, abrem-se chances para as escolas públicas criarem oportunidades a 75% ou 80% dos estudantes que não veem o ensino superior como uma possibilidade imediata — afirmou Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, que citou a taxa de conclusão média de 59% a 69% do ensino médio entre os mais pobres, sendo desinteressante para os jovens. — A mudança está na direção correta. Os desafios são todos de implementação.

Ex-aluna da Faetec (rede pública de escolas técnicas do Rio de Janeiro) e presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Rozana Barroso defendeu que a palavra principal seja investimento. Como argumento, ela contou que passou, durante sua experiência escolar, por greves de professores, cortes de jornada por falta de merenda e até vaquinhas para compra de materiais básicos.

— Vamos precisar de investimento para conseguir beber na experiência dos institutos federais, que oferecem educação técnica de maior qualidade, com professores doutores, todos os laboratórios de qualidade e mais estrutura — explicou Rozana. — Quando falamos da reforma do ensino médio, precisamos pensar nesse momento difícil que estamos vivendo, que é de desespero. Como fazer para trazer esse jovem de volta para a escola, diminuir o impacto na aprendizagem e recuperar o tempo perdido?

Já o CEO da Conexia Educação, Sandro Bonás, acredita

que o novo ensino médio garante a oportunidade de deixar o jovem mais próximo do universo do mercado de trabalho quando propõe que os estudantes enfrentem mais a resolução de desafios reais.

— Existe a escola silenciosa, que é a que os pais gostam, na qual o professor dá aula e os alunos ficam em silêncio ouvindo enfileirados. O novo ensino médio abre espaço para a escola “barulhenta”,

na qual o professor faz a mediação e o aluno trabalha em grupos, por projetos, com metodologias ativas — disse Bonás, que elogiou a inclusão da disciplina Projeto de Vida no currículo das redes. — A escola tem que ser o momento do erro do aluno. Ali ele pode errar para depois escolher seu caminho correto na universidade e no mercado de trabalho.

EXTRA

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2021-09-20T07:00:00.0000000Z

2021-09-20T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281762747394585

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