Educação 360 discute a escola que queremos

Ainda pouco explorada no Brasil, a educação híbrida, antes tida como o “futuro da área”, tornou-se uma urgência durante a pandemia. Por isso, no painel “A hora e a vez da tecnologia na educação?”, especialistas indicaram a necessidade de melhora da infraestrutura das redes de ensino e de investimentos na assistência aos professores.

— O mundo é híbrido, não foi a pandemia que inventou isso. Precisamos pensar num projeto pedagógico que conjugue momentos presenciais com remotos — disse a educadora Maria Inês Fini, presidente da Associação Nacional de Educação Básica Híbrida (Anebih) e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O cenário, no entanto, é de dificuldades. Segundo dados do Censo Escolar 2020, apenas 35,6% das escolas de ensino fundamental no país oferecem internet. Já uma pesquisa do Centro Regional de Estudos

para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) mostrou que 86% das escolas relataram dificuldades de conexão na casa dos alunos.

— O que a gente enfatiza é o uso da tecnologia como potencializador e não como resposta. Ela não precisa ser o meio pelo qual o estudante vai receber a informação principal — afirmou a diretora-geral das escolas Concept Brasil, Priscila Torres.

Fini destacou ainda o engajamento das famílias, que na pandemia passaram de coadjuvantes a protagonistas, como forma de minimizar as adversidades. Para o professor Paulo Blikstein, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, a tecnologia precisa ser bem empregada.

— Pegar uma aula tradicional e colocá-la no Zoom é rodar a velha pedagogia na nova tecnologia. Mas tem esse outro “como usar a tecnologia” que é agente transformador, onde o aluno traz o conhecimento para a escola. Muito mais inspirado pelo que Paulo Freire chamaria de emancipação — explicou Blikstein, que defende a orientação de profissionais especializados no uso das tecnologias. — É irresponsável reproduzir em escala sem preparo. A gente não pode colocar em risco o aprendizado das crianças.