Crescimento mais veloz na Zona Oeste

► Em 2019, as favelas cariocas se espalhavam por 48,7 km², 11,05% a mais que os 43,8 km² de duas décadas antes. Comunidades há muitos anos ocupadas também avançam. Veem surgir puxadinhos e prédios, num crescimento vertical não captado pelo pelo levantamento do IPP. E também expandem seus domínios em área.

Na lista das que mais cresceram de 1999 a 2019, aparecem Rio das Pedras e o Canal do Anil, em Jacarepaguá. A Rocinha, que avança sobre a mata, ganhou quase 7 mil m². E no Complexo da Maré, a Vila do Pinheiro se estendeu por quase 50 mil m² nos últimos anos. E já se vê prédio de cinco andares. Perto dali, construções de até três andares estão em obras nas proximidades do Parque Boa Esperança, no Caju. Em Manguinhos, casas de alvenaria são erguidas no entorno de conjuntos habitacionais do PAC e nas margens da Rua Leopoldo Bulhões, enquanto barracos de madeira se multiplicam sob a linha férrea.

— Programas como o Minha Casa Minha Vida e o PAC tiveram resultados positivos. Porém, não foram suficientes, nem foram políticas continuadas para dar conta da demanda por moradia. O mercado imobiliário também tem dificuldades de atender as pessoas de mais baixa renda. E as pessoas continuam buscando as favelas para viver — diz o sociólogo Samuel Jaenisch, da UFRJ, integrante do Observatório das Metrópoles. — Nas últimas décadas, a expansão das comunidades na Zona Oeste acompanha o crescimento da cidade.

É essa Zona Oeste, a da Área de Planejamento 5 (que inclui bairros como Campo Grande, Bangu e Guaratiba), a região onde as favelas mais cresceram horizontalmente (22,07% ou 2,9 milhões de m²). Também é nela que uma maior quantidade de novas comunidades surgiu (40). Processo intenso em Santa Cruz e seus arredores, transformados num barril de pólvora no qual, na semana passada, explodiu uma guerra entre milícias.