Extra Digital

Paquetá receberá o 1º evento-teste

Eduardo Paes anuncia carnaval fora de época após vacinação em massa

Pedro Zuazo pedro.zuazo@extra.inf.br

Um carnaval fora de época, com foliões aglomerados e sem máscara, parece ser uma cena ainda distante em tempos de pandemia. Mas essa alegoria pode se tornar realidade em setembro, na Ilha de Paquetá. O prefeito Eduardo Paes anunciou ontem que o bairro insular poderá receber o primeiro evento-teste da cidade caso corra tudo como previsto no estudo de vacinação em massa contra a Covid-19 conduzido pela prefeitura, em parceria com a Fiocruz. No próximo fim de semana, será montada uma força-tarefa para imunizar toda a população adulta da ilha.

Dos 4.180 moradores de Paquetá, 3.530 maiores de 18 anos estão cadastrados no sistema de saúde da ilha. Deste total, 1.853 já haviam tomado a primeira dose até o fim de maio. A expectativa é que até o próximo domingo todos os maiores de idade tenham recebido a primeira dose da vacina. O imunizante utilizado no estudo será da AstraZeneca, e a segunda aplicação será feita 12 semana depois. O evento-teste será realizado 14 dias após a aplicação da segunda dose, caso não surjam novos casos da doença. Apenas as pessoas vacinadas no experimento poderão participar.

— Esse estudo vai servir para embasar a tomada de decisão não só para a cidade, mas para o país. A ideia é mostrar o potencial da imunização e começar aos poucos a ir retomando a vida como era anteriormente, mas com muita cautela. — afirma o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

O anúncio do carnaval fora de época foi antecipado pelo colunista do Globo Ancelmo Gois, pela manhã, e em seguida publicado por Eduardo Paes nas redes sociais. A novidade dividiu opiniões.

A associação de moradores de Paquetá, Morena, publicou uma nota em que classificou como um “desrespeito” o anúncio ser feito antes de a população ser consultada.

— A população foi pega de surpresa com o anúncio do carnaval fora de época em plena pandemia. Nós apoiamos o experimento de vacinação em massa e temos trabalhado para obter a maior adesão de voluntários possível. Mas acho que esse anúncio, feito dessa forma, pode atrapalhar — diz o diretorgeral da Morena, Guto Pires.

Nas redes sociais, moradores questionavam como seria feito o controle para que o evento não recebesse foliões de outras partes da cidade. A iniciativa de retomada das atividades culturais foi vista com bons olhos por representantes do turismo, mas o responsável pela agência Paquetur, José Lavrador Kevorkian, questionou a viabilidade de um carnaval sem turistas.

— O carnaval de Paquetá é tradicionalmente uma celebração onde o visitante é parte fundamental, compartilhando nossa alegria e irreverência, assim como movimentando uma cadeia de fornecedores locais de produtos e serviços. Carnaval sem o turista é festa sem convidados — afirma.

Já o empresário Bruno Alves Vieira, de 31 anos, que há quatro anos inaugurou na ilha a pousada BruMar, comemorou o evento.

— Torço para que esse evento mostre a eficácia da vacina e reative o setor hoteleiro da ilha. De 14 pousadas, pelo menos cinco fecharam as portas na pandemia — lamenta.

A realização de eventosteste após experimentos de vacinação em massa não é incomum. Uma experiência semelhante está sendo programada pela Prefeitura de Serrana, na região metropolitana de São Paulo. A cidade, que foi escolhida para abrigar o estudo de vacinação em massa do Butantan, quer ser sede de um show com público e em local a céu aberto, em julho. No exterior há outros exemplos. Em Israel, cerca de 500 pessoas vacinadas contra o coronavírus assistiram a um show ao ar livre, organizado pela prefeitura de Tel Aviv, no início de março.

No fim de semana, força-tarefa vai imunizar a população adulta da ilha

Festa só vai acontecer com imunizados e caso não surjam novos casos de Covid

A LUTA CONTRA A PANDEMIA

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2021-06-15T07:00:00.0000000Z

2021-06-15T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281732682434437

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