Extra Digital

Castro lamenta ‘vidas perdidas’

Governador, no entanto, defendeu operação, criticada por ONGs e especialistas

► Em nota divulgada na noite de ontem, o governador do Rio, Cláudio Castro, lamentou as 25 mortes decorrentes da operação policial no Jacarezinho. No entanto, ele defendeu a ação que, de acordo com o comunicado, “foi pautada e orientada por um longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação, que demorou dez meses para ser concluído”. Castro disse ser “lastimável que um território tão vasto seja dominado por uma facção criminosa que usa armas de guerra”. O Palácio Guanabara reforçou que os locais em que foram registrados confrontos e mortes já passaram por perícia.

Os rastros de mortes em operações policiais no Rio está no centro do debate da Segurança Pública do estado há muito tempo, mas, desde 2020, com a pandemia, o ministro Édson Fachin do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que as ações fossem suspensas e só acontecessem em casos excepcionais. O conceito de quais seriam as condições para “excepcionalidades” mobilizou ontem várias entidades.

A organização não governamental internacional Human Rights Watch do Brasil pediu que o Ministério Público do Rio faça uma investigação minuciosa e independente para apurar o que ocorreu no Jacarezinho. A entidade observou que, apenas no primeiro trimestre deste ano, a polícia do Rio matou 453 pessoas e ao menos quatro policiais morreram em confrontos. Um número que não condiz com a ordem do STF. Entre outros pedidos de perícia, o comunicado pede que o MP garanta que “as armas de suspeitos e da polícia sejam entregues de forma imediata” para o exame balístico.

Pesquisador de segurança pública da UFRJ, Michel Misse criticou a operação que contraria a decisão do Supremo. Ele destacou ainda que, apesar de a Polícia Civil argumentar que houve um planejamento de meses, os moradores alegam que os suspeitos teriam se rendido e foram executados:

— A operação em si mesma é inadequada, nas condições de pandemia e em desrespeito à decisão do Supremo Tribunal

Federal. Além do mais, uma operação em que morrem 25 pessoas, entre elas um policial, não pode ser considerada bem-sucedida. Uma operação bem-sucedida é uma em que você prende os suspeitos, os leva a julgamento e esclarece a ocorrência. Nesse caso não tem nada disso. Só tem os mortos — criticou.

GUERRA DO RIO

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2021-05-07T07:00:00.0000000Z

2021-05-07T07:00:00.0000000Z

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