Extra Digital

Para entender a guerra

► Com quase 38 mil moradores, de acordo com o último Censo do IBGE, de 2010, o Jacarezinho tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio, ocupando a 121ª colocação entre 126 bairros. Atrás, ficam apenas Manguinhos, Maré, Acari/Parque Columbia, Costa Barros e Complexo do Alemão. Sua renda per capita é de R$ 177,98, a quarta mais baixa do município. No entanto, a venda de drogas em suas vielas é uma das mais lucrativas para a maior facção criminosa do estado.

Além da miséria, uma marca triste do lugar é a violência. Em 2012, a comunidade foi ocupada para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Em setembro de 2019, a base foi desmobilizada, levando embora jas esperanças por dias de paz.

Em 19 de outubro do ano passado, um bando protagonizou uma fuga cinematográfica doJacarezinho durante uma ação da PM: sequestrou um trem de serviços da SuperVia. Dez criminosos obrigaram dois maquinistas a levá-los até o Morro da Mangueira. Também em 2020, uma distribuição de cestas básicas pela ONG Rio de Paz para cem famílias precisou ser suspensa por conta de um confronto na favela.

Em agosto de 2019, dois homens que trabalhavam com a instalação de câmeras de segurança foram atraídos por traficantes com a desculpa de um serviço no Jacarezinho. Terminaram julgados por um tribunal do tráfico e executados. Os bandidos assassinaram um deles por suspeitarem que tivesse ligação com uma milícia de Nova Iguaçu, enquanto o outro foi morto apenas porque acompanhava o colega de trabalho. Um vídeo, de 2019, dá o o clima de tensão no bairro: num treino carregando fuzis, policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), correm pelas ruas do Jacarezinho gritando “matar traficante”.

Até 1920, o lugar, uma antiga chácara entre o Rio Jacaré e a fábrica Cruzeiro (depois General Eletric), era ocupada por casebres. A população cresceu com a instalação de indústrias na região. A partir de 1950, a área passou a sofrer um adensamento considerável, levando um dos donos à Justiça pela remoção dos moradores. A população reagiu, conseguindo permanecer no local, que passou por obras de infraestrutura em 1980 e em 2000. A sensação na comunidade, no entanto, ainda é de lugar esquecido pelo poder público. A lixeira em que se transformou a linha férrea da região é só um dos retratos do abandono.

GUERRA DO RIO

pt-br

2021-05-07T07:00:00.0000000Z

2021-05-07T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281599538371420

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