Extra Digital

Desespero de gente inocente

Noiva achou que não conseguiria sair para se casar; gestante faria parto

► A ida ao trabalho, uma visita ao médico, o dia do casamento e até mesmo o nascimento de uma criança. O cotidiano de diversos moradores do Jacarezinho foi marcado pelo intenso tiroteio. Michele Brandão, de 36 anos, quase perdeu a oportunidade de realizar um de seus grandes sonhos. A criadora de conteúdo digital, que estava na casa da mãe, tinha o casamento agendado para as 10h em um cartório no Méier. Às 9h, no entanto, não conseguia sair da residência devido aos confrontos.

— Quando o relógio marcou seis da manhã, a operação começou, mas eu continuei me arrumando. Depois, fiquei desesperada, sem saber como conseguiria chegar ao cartório. Pensei em desistir, achei que não ia dar — contou Michele, que, às 9h30, com a ajuda de vizinhos, chegou a uma localidade do Jacarezinho na qual conseguiu embarcar num carro de aplicativo para realizar o desejo da vida toda.

— Só quando as coisas acalmaram um pouco e os vizinhos me deram cobertura consegui sair. Fui andando rapidamente pela comunidade até a quadra da Unidos do Jacarezinho — contou a noiva, aliviada.

O DRAMA DE UM CASAL

Ao “RJ TV”, da Rede Globo, o marido de uma gestante que faria uma cesariana relatou o drama que viveram. Sem se identificar, por medo, ele disse que a mulher chegou muito nervosa ao hospital:

— Ela ficou apavorada, nervosíssima. O médico examinou e tranquilizou minha mulher, recomendando que voltasse depois.

Teve gente que não conseguiu se acalmar. Na porta do Hospital Salgado Filho, parentes de baleados se desesperavam em busca de informações. De acordo com a polícia, todos que foram atingidos no Jacarezinho eram traficantes.

GUERRA DO RIO

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2021-05-07T07:00:00.0000000Z

2021-05-07T07:00:00.0000000Z

https://extra-globo.pressreader.com/article/281578063534940

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