Taxistas dão ‘show’ de cara de pau na saída de eventos no Rio
Motoristas aproveitam grande demanda para cobrar corridas ‘no tiro’, com valores abusivos
Vittoria Alves vittoria.pinto@edglobo.com.br
2023-11-19T08:00:00.0000000Z
2023-11-19T08:00:00.0000000Z
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POLÍCIA
▶ É algo bastante comum ao fim de shows e outros eventos, assim como em aeroportos do Rio: ao parar seu táxi diante de um passageiro que faz sinal, o motorista pergunta qual o destino e, ao receber a resposta, já informa o valor da corrida. Ou seja, o taxímetro é ignorado, e o preço cobrado certamente supera a tarifa normal. A cena se tornou recorrente no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, palco de diversas apresentações de artistas internacionais, o que atrai aqueles que se aproveitam da alta demanda para fazer as chamadas “corridas no tiro”. A reportagem do EXTRA esteve presente no show do RBD do último dia 9 e, por volta das 23h30, constatou que várias viagens começaram com o taxímetro desligado. Uma corrida do estádio no Engenho de Dentro para Copacabana, por exemplo, estava saindo a R$ 250. Com destino à Glória, o valor era de R$ 120. Alguns passageiros relataram que, ao questionarem o motivo de o taxímetro não ser ligado, motoristas afirmaram que poderiam usar o equipamento, mas argumentaram que um preço fixo era a melhor opção devido aos engarrafamentos. — É mais simples e vantajoso fecharmos logo um valor, porque aí não corremos o risco de ficarmos muito tempo parado no trânsito com o taxímetro rodando — disse um motorista à reportagem. Enquanto isso, nos táxis especiais, eram cobrados valores ainda mais exorbitantes. Uma corrida para Copacabana estava custando R$ 500. Um dos taxistas abortados pelo EXTRA alegou que só poderia se deslocar se ganhasse, no mínimo, R$ 300. — Daqui para Copacabana, no taxímetro, vai dar R$ 150, mas prefiro encher o carro de gente e cobrar R$ 100 de cada passageiro; é melhor para todo mundo — afirmou um motorista. A psicóloga Ana Laura Lima veio de Minas Gerais para realizar o sonho de assistir ao show da banda mexicana. Porém, o sonho virou pesadelo na volta para casa. Ela contou que motoristas de táxis convencionais pediram R$ 120 por uma corrida curta, até o Méier. — Eles se aproveitam desses eventos para cobrar valores abusivos. Eu não esperava gastar esse dinheiro. Fica muito difícil pedir carro por aplicativo quando há várias pessoas saindo de um lugar ao mesmo tempo. Sendo assim, o público acaba se rendendo e pagando um preço absurdo, pois está todo mundo cansado, querendo ir logo para casa — reclamou Ana Laura. A Superintendência Executiva de Táxi da prefeitura informou que, nos grandes eventos da cidade, há fiscalização nos chamados bolsões de embarque, estruturados para facilitar o controle. Hoje, o município conta com 32 mil permissionários e 13 mil motoristas auxiliares. Desde março, o órgão registrou 3 mil autos de infração. Segundo a prefeitura, constatar cobrança “no tiro” só é possível mediante flagrante e que, normalmente, “essa prática não é feita quando os agentes realizam as fiscalizações”. Irregularidades podem ser denunciadas pelo 1746.
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